sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Como os nova-iorquinos andam de bicicleta - trecho do livro “Diários de bicicleta” de David Byrne.


 

Há mais nova-iorquinos andando de bicicleta do que nunca. E não apenas entregadores. É significativo que, aparentemente, muitos jovens modernos não vejam mais o ato de andar de bicicleta como algo totalmente cafona, o que sem dúvida era o caso quando comecei a pedalar por aí, no final dos anos 70 e começo dos anos 80. Sinto que podemos estar nos aproximando do ponto de virada, para invocar um termo agora clichê. Os nova-iorquinos estão em um estágio em que podem, se tiverem a chance e a oportunidade, considerar uma bicicleta como um meio válido de transporte – se não para eles mesmos, então ao menos irão admitir que seja um meio válido de transporte para outros nova-iorquinos. Eles podem alguma hora experimentar por si mesmos, e certamente vão se adaptar. Eles podem até apoiar e encorajar.

[…] Eu pessoalmente sinto que capacetes podem ser um passo provisório na direção da integração urbana do ciclismo. Embora eles sempre sejam uma boa idéia, o uso do capacete sugere que andar de bicicleta é perigoso, o que, hoje, em cidades como Nova York e Londres, geralmente é mesmo. Mas em outras, como Amsterdã, Copenhague, Berlim, e Reggio Emilia, na Itália, as ciclovias e rotas são tão seguras que os ciclistas não sentem a necessidade de se proteger. Os ciclistas nesses lugares – crianças, jovens criativos, homens de negócios, idosos – também tendem a pedalar com postura elegante; bem vestidos, e até sexies. É uma atitude diferente da abordagem de guerra da cidade de Nova York.

Talvez, para alguns, parte da adrenalina iria embora se o ciclista urbano se tornasse seguro. Mas esse poderia ser o preço a ser pago se isso significar que mais pessoas vão começar a usar bicicletas para se locomover. Essa excitação não é exatamente algo apropriado para idosos e crianças em idade escolar. Morar em Nova York costumava ser muito mais perigoso de forma geral, mas isso dificilmente é algo para se ter saudade. Então, enquanto nós precisamos de um capacete legal e estiloso disponível imediatamente, em um mundo mais perfeito ele poderia ser opcional para todos.

David Byrne
trecho do livro “Diários de bicicleta”.

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